segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sobre estrelas

Vivo em uma caótica metrópole, onde a fumaça e o ronco dos motores muitas vezes cobrem tudo aquilo que a natureza tem de mais belo a mostrar. E mesmo diante de tanto ceticismo e superficialidade que insiste a nos cercar durante o dia, não pude deixar de notar que, de um tempo pra cá, o céu brilha mais estrelado.

Talvez seja um fenômemo personalíssimo. De qualquer forma, não são estrelas comuns. São daquelas capazes de rir. Mas há uma em especial que vive a instigar sonhos, desejos e sentimentos. Sentimentos que despertam a nostalgia de outrora, dada sua pureza.

É um verdadeiro presente, mas que, como todos os outros, exige cuidados. Meu ônus é fazer com que essa estrela não se apague jamais, que continue a sorrir sempre. É de minha obrigação inventar novas formas de alimentar seu brilho, pois este continua a me iluminar mesmo após ao raiar do dia.

O céu é o mesmo, mas eu duvido que alguém o enxergue tão belo quanto eu neste momento.

sábado, 14 de novembro de 2009

"E parece que foi ontem..."

Nunca pensei que um dia eu fosse citar a frase do título com tanta propriedade. Não muito tempo atrás eu era apenas um moleque que tinha idéias e planos mirabolantes para mudar o mundo, e cá estou aqui, praticamente terminando um curso superior e me preparando para ser mais um no mundo dos engravatados. É o ciclo natural das coisas: eu quero casar, ter filhos, casa própria, carro, tv e todas essas coisas que a sociedade nos impõe como importantes. Porém, ao mesmo tempo, representa uma lenta morte de todos os meus ideais. A realidade é, de fato, o túmulo das ilusões.

Mas chega uma hora que só ideais não bastam. E você descobre que no mundo nada é ideal, muito pelo contrário. Amores, amigos, família... Nada é tão linear e planejado como pensamos ser. É aí que você descobre que amar - em lato sensu - é mais do que achar o perfeito: é encontrar em cada imperfeição algo ao qual você se afeiçoa. E quando encontra isso, você deixa de ser um reacionário, e passa a ser guiado por interesses de seu meio.

Como diria Roger Waters: "All in all it's just another brick in the wall". Mas, nesse caso, e somente neste caso, os fins justificam os meios.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Meu nome não é Zina

Sempre achei o "Pânico na TV" o programa mais politicamente incorreto da TV brasileira. Não pelas brincadeiras de gosto duvidoso que fazem com o Bola, mas justamente pelo fato de que a piada são os ingênuos que, espontaneamente, emprestam seus bordões ao humorístico.

Pois bem, não foi diferente com Marcos da Silva Heredia, o Zina, que ficou nacionalmente conhecido pelo bordão: "Ronaldo, brilha muito no Corinthians". Zina rendeu tanto aos cofres do programa e da emissora que, além de ganhar uma casa, ganhou um contrato na rede.

Não diferente dos outros, o que chamou a atenção em Zina foi o fato de ser um cara absolutamente espontâneo. Louco no termo literal da palavra, o corinthiano conseguia colocar uma frase atrás da outra na boca do pessoal.

Apesar de previsível, muitos se chocaram com a notícia de que Zina é, na verdade, esquizofrênico e viciado em cocaína. Para quem não sabe, a tal Xurupita fica na região da Parada de Taipas, na Zona Norte de São Paulo. Um daqueles locais onde o governo não existe e quem faz a lei é o poder paralelo - aquele que vende drogas. Precisa contar o resto da história?

O Pânico ontem, em uma matéria que ficou na barreira entre a crítica social e o drama, defendeu Zina fazendo sua inocência se tornar escudo pras cagadas que ele faz. Agora, o programa assumiu a missão de dar um tratamento ao anti-herói corinthiano. Que claro, você acompanha todos os domingos, na Rede TV!

De comédia a drama, Zina é audiência garantida.

domingo, 6 de setembro de 2009

A democracia na República das Bananas

Confesso que me espanta tanta repercurssão em relação à crise do senado. Será que alguém realmente pensava que a casa estaria em boas mãos no comando do general Sarney e com ilustres presenças do passado negro do Brasil como Fernando Collor de Melo? Ninguém lembra do confisco das poupanças? Da instabilidade e dos índices de inflação astronômicos?

Sempre que episódios como estes ocorrem, há uma certa mobilização em meio aos críticos, artístas e alguns gatos pingados, oriundos da classe média, para que soluções pontuais sejam tomadas. Conseguindo isso (ou não), nas próximas eleições a democracia coloca no poder, novamente, os mesmos representantes, recomeçando o ciclo.

Do lado que ninguém mostra e ninguém vê, há o cidadão que vive em condições precárias e mal tem acesso aos serviços básicos para subsistir, como saúde, educação e segurança. É ele que vende seu voto por um prato de comida. O pior de tudo é o fato de ser impossível recriminá-lo por isso. Como zelar por um Estado que não se faz presente na sua vida? Como preocupar-se com política, ou com qualquer outra coisa, quando o que mais passa é frio e fome? Seu cotidiano já é deveras desesperador para manter qualquer tipo de outra preocupação.

Nosso presidente, Lula, apoiado por um forte trabalho de marketing, conseguiu associar sua imagem à imagem do povo. Nunca antes na história deste país (sic!) um governante teve tanta identificação com seus governados. Isso abre um largo caminho para a execução de políticas sociais que, em muito, remetem ao populismo. Fome zero, bolsa família, Pro-Uni, política de cotas raciais... São, além de políticas de ajuda, formas de ganhar um eleitorado sempre renegado pelo governo das elites, mas que, na república das bananas é numerosíssimo, infelizmente.

Não escrevo contra as políticas sociais, vejam bem - elas são mais que necessárias, pois a fome não espera - mas há de haver há consciência que só isso não basta, e que não existe nenhum planejamento consistente a longo prazo para a solução destas questões. O planejamento não existe, pois soluções a longo prazo não interessam quando seu prazo de governo é de apenas 4 anos.

Enfim, vejo a necessidade de implantar, em conjunto com tais medidas, um projeto de base para garantir o acesso de todos os cidadãos à, pelo menos, os serviços mais básicos para a sobrevivência. O ESTADO é o único responsável por isso, e, por sua incompetência, assistimos ao crescimento do poder paralelo.

Caso não se tome nenhuma medida neste sentido, continuaremos a ter nossos representantes escolhidos por aqueles que são completamente influenciáveis por sua (falta de) condição. E assim se mantém a nossa democracia de fachada.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"É preciso saber usar as armas do inimigo..."

Pois é essa a frase que venho utilizando ultimamente para quando, de tempos em tempos, tenho de prestar contas com a minha consciência. Não de forma leviana, como um auto-indulto, mas por acreditar sinceramente e apaixonadamente em uma filosofia de vida. Pensem vocês: Que valor teria a honestidade caso não existisse a traição? O que seria o amor sem o ódio? Quanto maior o contraste de valores, maior a intensidade do choque que ele provoca, seja para o bem, seja para o mal. Quando não se conhece o salgado, o doce não é tão doce. Perde-se o parâmetro, e logo, a razão.

Muitos se apoiam na moral como justificativa para o próprio comodismo - há um tempo atrás, eu diria que são todos - hoje, não sei. Aliás, descobri que sei muito pouco. Aquele que não sabe o que quer, e, quando sabe, nunca encontra o meio certo pra se chegar ao objetivo. Por vezes, não me reconheço; não te reconheço. É difícil enfrentar um inimigo quando mal se sabe quem são seus aliados.

Enquanto isso, assisto a glorificação das drogas, sexismo, briga por poder e toda a busca incessante pelo prazer sem nenhum freio moral. Por vezes aplaudo, por vezes repudio, outras participo.

Enfim, desabafei.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Homem médio

O homem médio é aquele que tem uma bonita família, com quem sempre vai ao shopping e, ocasionalmente, viaja. É aquele que cuida da aparência e só come alimentos saudáveis. Sua cultura se divide entre os CD's da moda e os best-sellers das livrarias, que ensinam como ser um vencedor.

É religioso. Sempre que possível, vai à igreja e pede o bem de todos, mesmo que, na prática, não contribua em nada com a sociedade e todos que o cercam. Está sempre com a consciência tranquila, pois paga seus impostos em dia.

O homem médio é politicamente correto. Não aprecia humor negro, pois com coisa séria não se brinca. Mas vive a rir de gays e gordos.

O homem médio é vaidoso. Vai para academia e compra discos da moda com o único intuito de causar boa impressão. É, acima de tudo, adepto das tendências.

Reflitam sobre esta espécie em expansão.

domingo, 9 de agosto de 2009

Levando fumo

Com o vigor da lei anti-fumo no estado de São Paulo, o assunto voltou a entrar em evidência na mídia e nas rodas de conversa. Fumar nunca esteve tão fora de moda, pois a população, no geral, aprovou a medida do governo. Até mesmo alguns fumantes concordaram em diminuir com o cigarro para, finalmente, parar de fumar.

Porém, há ainda aqueles que não concordam com a lei e tenho a honra de dizer que sou um deles. Como bom fumante (passivo), vejo as campanhas do governo como papo pra bobo. Eles dizem que a lei não está aí para cercear a liberdade dos fumantes, mas sim para promover um direito a melhor saúde da população. Oras, conta outra, sabemos dos males do cigarro há muito tempo. A indústria do cigarro teme as indenizações milionárias, assim como o governo não dá conta dos atendimentos em seu sistema de saúde - que, diga-se de passagem, não dá conta nem de gripe.

Eu, como legislador, então iria instituir a lei a favor do fim do carnaval. Afinal, o carnaval promove uso indiscriminado de drogas, acidentes de trânsito, alto índice de transmissão de doenças como HIV, sem contar o fato de que várias crianças sem pais são geradas nessa época. Os males são muito maiores que os do cigarro. Afinal, quem fuma, fuma porque quer. Se morrer, meus pêsames. As altas taxas de impostos inclusas no preço do cigarro cobririam tranquilamente as despesas que o governo teria com saúde, sendo destinadas para o lugar certo. Pra resolver o problema de quem não fuma, é só traçar uma divisão no ambiente entre fumantes e não fumantes. Pronto, problema resolvido.

Pode parecer contraditório esse meu texto, já que, há algumas semanas, havia escrito outro criticando a indústria do tabaco. Mas, acima de tudo, sou a favor da liberdade. Hoje só se engana quem quer ser enganado. A informação está bem clara. E lembrem-se: a ditadura não se estabelecer de uma hora pra outra. Essas atitudes cerceiam a liberdade do cidadão. E ele nem percebe.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A arte do mal gosto

Essa semana acompanhei na MTV um debate sobre a restrição dos bailes funk no Rio de Janeiro. Os tais bailes - especificamente os intitulados "proibidões" - foram acusados de serem responsáveis pela disseminação da violência e banalização do crime nas comunidades carentes da cidade. Por sua vez, os defensores do estilo rechaçaram tal ponto de vista, dizendo se tratar de uma afronta à liberdade artística.

Primeiro ponto ao qual quero chamar atenção: Liberdade artística é um direito concedido a quem faz arte. Por mais que se associe música diretamente a arte, quero chamar a atenção para que nem todas as músicas possuem essa conotação. Dizer que uma música que possui como ÚNICO INTUITO defender uma ideologia alheia aos valores da sociedade é arte, significa abrir uma larga brecha para o crime continuar a fazer novos aliados. Afinal, qual meio de comunicação pode ser mais forte que a música que toca no baile do fim de semana em uma comunidade carente?

Não quero parecer mais um moralista aqui, não mesmo. Não me refiro desta forma só ao "funk proibidão", mas o caráter de tais obras me soa como subversivos à arte, que deve ser livre. Músicas religiosas e hinos nacionalistas não são livres. A música, nesses casos, parece apenas um pretexto para chegar a um ponto e defender uma ideia (ou equívoco).

Quero com esse texto provocar uma reflexão: até que ponto um material produzido é arte? Não é difícil chegar a conclusão de que, por vezes, a arte é nociva. Recentemente, em uma exposição de arte, um "artista" amarrou um cão e o deixou falecer à mingua em uma exposição de arte. Aliás, feito que ele realizou por mais de uma vez. Tudo isso fica impune em nome da liberdade artística? O território artístico é muito livre e aberto, inclusive aos mal intencionados. Fica claro, ao meu ver, que a arte necessita de certa regulação. Deixo aqui uma questão a ser desenvolvida no futuro: há meios de construir uma regulamentação sem censura no campo intelectual?

Enfim, seja funk carioca, rock inglês ou exposições de arte moderna. Não importa. O que vale são as boas idéias e o bom senso.

domingo, 5 de julho de 2009

Propaganda subliminar ou cara de pau?

Mesmo com fortes restrições a propaganda e com uma imensa alíquota tributária em seus produtos, a industria do tabaco continua forte e faturando muito. Já é sabido que, no ínicio da década, foram proibidos anuncios televisivos e impressos fazendo referência a cigarros. A indústria também foi obrigada a colocar imagens de pulmões podres e fetos mortos atrás dos maços. Mas pra tudo se dá um jeito.

A foto abaixo foi tirada por mim, na academia do meu prédio. Note a clara referência da marca de cigarros 'Free' em um dos aparelhos.





















A fonte utilizada é a mesma. A única diferença consiste no fato de, no maço, o logotipo estar em italico. O que não impede, de forma alguma, a associação à primeira vista dos dois.

É claro o motivo pelo qual eles investem tanto em esportes. Passa a sensação de algo saudável, mesmo que inconscientemente. A industria do tabaco era a maior investidora da Formula 1. E, parem pra pensar, a corrida tem tudo a ver com o ato de fumar. Passa-se a idéia de que o prazer supera os riscos envolvidos.

Aliás, até hoje a Ferrari possui apoio da Phillip Morris - maior fabricante de cigarros do mundo. Notem que, até hoje, o antigo espaço da Marlboro não foi preenchido. Em países que não fazem restrições à publicidade do tabaco, os bonés da Ferrari com o logo Marlboro ainda circulam por aí.

Carro da Ferrari em 2004 e 2009 respectivamente. Note que os espaços destinados à Marlboro ainda permanecem fazendo referência a marca.
























Mesmo anos após a proibição dos anúncios, Felipe Massa, tido no ano passado como um dos heróis nacionais do esporte, continuava a exibir os logotipos da Marlboro em locais onde a legislação permitia.













Para a indústria do tabaco e, não sejamos hipócritas, para toda e qualquer instituição capitalista, isso não é propaganda subliminar, tampouco cara de pau. São negócios. Nada pessoal.

domingo, 28 de junho de 2009

Michael 'The King Of Pop' Jackson

Polêmicas à parte, Michael Jackson foi o maior ícone da industria do entretenimento de todos os tempos. O garoto que já esbanjava talento desde pequeno no Jackson 5 - assumindo a frente da banda, mesmo sendo o menor entre os irmãos - cresceu e simplesmente reiventou a forma de fazer música. Criou o conceito do videoclipe como uma espécie de curta-metragem em 'Thriller' - álbum que, por sinal, foi o mais vendido da história; criou coreografias complexas e transformou shows de música em espetáculos audiovisuais. Dizer que era um grande compositor e tinha uma voz poderosíssima é mero detalhe perto de tantos feitos.

Agora, tratando-se de polêmicas, Michael também foi mestre. Falar das presepadas de Amy Winehouse com as drogas é fichinha. O rei do pop conseguiu mudar de cor, ficar sem nariz, casar com a filha de Elvis, comprar o catálogo dos Beatles, brigar com McCartney, quase jogar o filho da janela, entre tantos outros escândalos.

O cantor era problemático? Era culpado de tantas acusações que fizeram a ele? Não podemos julgar. Mesmo sendo o mais pop do mundo, Michael Jackson era enigmático. E esse era o segredo de tanta especulação sobre ele; afinal, ninguém se interessaria em saber mais sobre alguém que nada esconde.

No final, a única coisa que nos sobra para falar com propriedade sobre o gênio da música/dança/artes, é sobre seu trabalho. Sendo assim, o que restam são aplausos.

Vá com Deus, Michael Jackson.

sábado, 13 de junho de 2009

Top 5: O underground do pop

Riffs empolgantes, refrões grudentos e altas doses de baladinhas. Parece ser essa a fórmula do sucesso adotada por grandes popstars, que emplacaram no cenário mainstream da música. Porém, nem todos conseguiram o tão sonhado sucesso comercial seguindo essa fórmula. Muitos sobrevivem de seu público selecto ou, até mesmo, chegaram a abandonar de vez a música.

Baseado nisso, elaborei uma lista de cinco álbuns os quais, se não foram injustiçados, ao menos deixaram de ser reconhecidos da forma que mereciam.

5. Jay Vaquer - Você não me conhece

Jay Vaquer é um dos poucos artistas do cenário pop/rock nacional atualmente que apresenta alguma relevância artística em suas obras. É o caso de 'Você não me conhece', que possui letras com alto teor crítico como 'Cotidiano de um casal feliz', que cita pedofilia, traição, e questiona os valores que são definidos como normalidade por nossa sociedade. Apesar de letras fortes, o álbum parece buscar apelo comercial em sua produção; as guitarras aparecem bem tímidas, sem o peso que algumas músicas parecem pedir. Enfim, de qualquer forma, o cd é um oasis no meio do deserto de criatividade no rock nacional.

4. Maria Mena - White Turns Blue

Maria Mena é uma cantora norueguesa bastante jovem, apenas 23 anos; mas nem por isso é inexperiente, já possuindo 5 álbuns no currículo. Neste play, ela demonstra grande sensibilidade artística, ao mesmo tempo que demonstra intimidade com melodias pop. Faixas como 'You're the Only One' e 'Just A Little Bit' possuem grande potêncial radiofônico. Curiosamente, não foram suficientemente exploradas no cenário internacional, sendo assim a cantora pouco conhecida no Brasil.

3. Mark Free - Long Way From Love

Mark Free foi vocalista do 'King Kobra', grupo glam dos anos 80 que, diga-se de passagem também não emplacou. Pura falta de sorte. Os vocais de Mark Free são poderosíssimos e cheios de sentimento. A produção da cd segue à risca a linha pop dos anos 80, repleto de sintetizadores. Vale ressaltar: este foi o único álbum solo do vocalista; pelo menos enquanto homem. Há pouco mais de 10 anos ele mudou de sexo, e hoje se chama Marcie Free.


2. Richie Kotzen - Change

Richie Kotzen é um absurdo. Canta demais e, como se não bastasse, toca demais. Ainda mais: gravou todos os instrumentos do álbum. Kotzen é bastante reconhecido por guitarristas, por ter gravado com Greg Howe e tocado com o Poison, na turnê do Native Tongue. Neste cd, o título Change - em português, mudança - já indica o que estaria por vir. O até então conhecido guitarrista, passa a cantar sobre belas melodias de pop/rock. Para os amantes de bandas como o Audioslave, está aí um prato cheio.

1. Michael Kiske - Kiske

Michael Kiske é talvez o mais famoso vocalista de Power Metal (Metal Melódico), justamente por ter cantado na banda fundadora do estilo, o Helloween. Mas, o que poucos conhecem, é que a carreira solo do vocalista segue uma direção completamente diferente. Neste cd, autointitulado, as guitarras são poupadas em detrimento de harmonias levadas no violão e belas passagens de violino, como em 'The King Of It All'. Para quem gosta de pancada, lembro que o cd segue a direção oposta; despertando sentimentos de serenidade e paz interior. O alemão, neste álbum, parece ter encontrado definitivamente sua direção musical. Um dos cds mais originais dos últimos tempos.

PS. Post originalmente publicado em 30/03, para o Grupo JOR de comunicação.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Ditadura cultural

Ontem à noite, a APCM (Associação Antipirataria Cinema e Música) fechou a 'Discografias' - maior comunidade para troca de arquivos musicais do Orkut. Em comunicado oficial - que pode ser acessado neste link - eles dizem que a comunidade ignora 'todos os canais legais de divulgação e uma cadeia produtiva de compositores, autores, cantores, produtores fonográficos e etc.'

Agora, analisemos com calma. Quem é do meio musical sabe que, os artistas em geral, ganham pouco ou quase nada com a venda de CDs; vendas essas que estão cada vez mais em baixa. As gravadoras, então, adotam cada vez mais a política de reter o lucro dessas vendas, fazendo com que a maioria dos artistas sobrevivam apenas de seus shows. Insistem, então, no manjado discurso de defesa cultural.

Mas alguém acredita realmente nas boas intenções destas associações? Eles fazem exatamente o contrário do que pregam. Eu me pergunto, amigos, onde está a cultura que eles tanto falam? Nos cds de pagode, sertanejo e axé que eles vendem? Ou talvez nos cds do King Crimson, Tribal Tech, e para ilustrar exemplos nacionais, Egberto Gismonti e Eumir Deodato? Estes álbuns, meus caros, vocês sequer encontram nas prateleiras das lojas. Se você quiser um disco do Eumir Deodato, terá que chegar ao cúmulo de importar de fora, mesmo sendo ele um artista brasileiro. Cadê a defesa à cultura?

Como todo bom apreciador de música e ouvinte, sempre compro álbuns de meus artistas favoritos, até mesmo quando não existem edições nacionais e é necessário importar, pagando-se um absurdo. Pois bem, já que não distribuem certos cds aqui, me sinto no direito de ouvir antes de efetuar a compra. Sinceramente, vejo as coisas por outro lado: a internet ajuda, e muito, a descobrir novos artistas. Muitos cds, os quais eu adquiri, não teria sequer conhecido, se não fosse pela ajuda da grande rede.

Então, eu questiono: é justo utilizar dos tais meios legais, que só ajudam a incentivar o monopólio dos grandes e massacram os pequenos artistas? Eu penso que não, e acredito ser sórdido utilizar de tal artimanha legal para defender tamanha injustiça.

Enfim, me pergunto então o que as gravadoras estão fazendo, nos ditos canais legais, para divulgar a tal cadeia produtiva de compositores, autores, cantores e artistas, que eles tanto falam. O que eu mais vejo sendo promovido por eles é o descaso com a cultura no Brasil, que insiste em deixar às traças tudo o que temos de bom e original, e vendem porcarias como pagode e sertanejo. Eles precisam mudar o discurso porque, com essas atitudes, eles só agem em defesa aos próprios bolsos. Que assumam isso então. Evitaria nossa perda de tempo com tanta prolixidade e discurso vazio.

terça-feira, 10 de março de 2009

O casamento do fenômeno

Há um tempo atrás, mas não muito, os jornais destacavam o caso de um famoso jogador de futebol, que foi encontrado em um quarto de motel com três travestis. Nem é preciso dizer que estou falando de Ronaldo, o 'fenômeno', que, meses mais tarde, apareceria em fotografias exageradamente gordo para um atleta, vide foto ao lado. O sentimento de vergonha e frustração foi disseminado entre os brasileiros, afinal, Ronaldo marcou toda uma geração; não só no futebol - onde é tido como o maior craque dos últimos anos - mas sua vida pessoal sempre foi marcada por lindas mulheres e muito dinheiro. A mídia não perdoa, e o garanhão é rebaixado a piada nacional.

Pois bem, meses mais tarde, o jogador - já desacreditado na Europa - volta a atuar em seu país de origem, em um grande time que também vive uma fase de recuperação - o grande em torcida, nem tanto em títulos, Corinthians. Apesar de vista com certa desconfiança, a contratação traria, inquestionávelmente, lucros para o clube, ainda que não vingasse no campo; já que ali estava em jogo a marca, mundialmente famosa, do futebolista.

Ele volta a jogar, em um grande clássico - o maior clássico da maior cidade do país. Corinthians x Palmeiras. Entra em campo aos 18 minutos do segundo tempo. A expectativa era grande. O craque faz boas jogadas - dá uma bolada na trave, o que não é exatamente uma novidade para ele - mas enfim, de qualquer maneira, em campo, ele é incontestável, apesar da visível má forma física. Ronaldo tem tanta intimidade com a bola que, por vezes, se confunde com ela no campo.

O jogo caminha para seu final quando, de repente, nos acréscimos, mais precisamente aos 47 do tempo final, ele cabeceia e marca o gol. Nada mais importa. O narrador esquece o jogo e começa a falar dos dramas e contusões vividas por Ronaldo. Seu gol passa a ser o símbolo de sua volta por cima, de sua superação. Seus erros são todos irrelevantes, seu talento está acima de tudo e sua palavra é uma benção para os novos jogadores. Amém.

Fica claro que Ronaldo se transformou em, além do fenômeno do futebol e das presepadas, no maior anti-herói brasileiro do momento. E os jornais esportivos e a mídia em geral possuem um grande papel nisso. Lembrem-se que a TV faz a vida de qualquer ex-BBB parecer interessante; que dirá a do fenômeno.

Muito se falou em casamentos do fenômeno em castelos, mas mal sabem que isso tudo é uma grande fachada pro maior casamento, que já ocorreu. O casamento dele com a mídia que, não fugindo à regra, vive entre tapas e beijos, regados a muito champagne. A vida do vingador dos balofos se transformou em uma novela mais rentável que os dramalhões de Suzana Vieira. Para novelizar ainda mais a vida do craque, só falta o jogarem no meio da casa do Big Brother. E eu não duvido mais de nada.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Quem é o inimigo então?

Em sua história, o mundo sempre foi marcado por guerras e regimes totalitários. Já tivemos Lênin, Hitler, Fidel e muitos outros. Ainda há resquícios desta, já quase morta tendência, representada atualmente por caras como Hugo Chávez. O mundo agora é diferente. Os grandes líderes perceberam que esses regimes não conseguem se sustentar de forma a prosperar. Assume-se então uma postura democrática, onde, em tese, o povo é então responsável pela escolha dos seus líderes e legisladores. Surgem então o direito às greves e protestos. É a liberdade de expressão. O processo de impeachment, então, passa a ser previsto em texto constitucional.

Há quem diga que a democracia é a pior forma de governo excetuando-se todas as outras. Nem sei se as outras são melhores, mas a democracia com certeza é uma grande presepada. Afinal, é historicamente burro confiar decisões importantes nas mãos da maioria. Foi a maioria que mandou crucificarem Jesus Cristo, assim como, nas primeiras eleições diretas, em 1988, elegeu Fernando Collor, que, aliás, continua sendo eleito até hoje para outros cargos. Um viva à decisão popular.

Ao invés de guerras declaradas e teorias de ódio puro, temos agora inimigos invisíveis. O mundo foi tomado pelo terrorismo. É a maior prova da fragilidade do que se convenciona a chamar de poder. Não é possível se preparar, quando não se sabe de onde que vem o tiro. De nada adianta mais tanta ostentação. Nossos castelos são todos de areia.

Por mais que digam o contrário, acredito que o mundo está cada vez mais humanizado. Continuamos sendo oprimidos diariamente ao bombardeio de sensacionalismo e opiniões tendênciosas, jogadas pela mídia em nossos televisores e jornais. Mas nem de longe é comparável com a opressão declarada de tempos atrás. Hoje somos mais livres, e, por mais que possa ser contraditório, o homem assume sua natureza negando-se, talvez por inconformidade com o existencialismo. Fumamos demais, bebemos demais. Assumimos conscientemente o desejo de ficar inconscientes.

Isso me faz pensar que, em tempos de ditadura, que pareciam tão cruéis, na verdade tudo era mais fácil. Pelo menos os papéis estavam mais claros. Sabiamos quem era o inimigo, tinhamos aonde depositar nossas culpas. Hoje não sabemos. Não existe mais bem e mal. O bem e o mal são diferentes faces de uma mesma moeda. Continuamos tomando na cabeça todo dia, pelo inimigo mais covarde que já se teve notícia. Não por sua força, mas porque dele não se sabe nem o nome.

Presente de Grego

Pra quem não sabe, fiz aniversário no dia 10/02 (parabéns pra mim!). E, como de costume, recebi uma penca de e-mails de sites que sou cadastrado, coisa e tal. Mas um eu achei o máximo. Eis aqui (só clicar na imagem):É mole?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Mania de grandeza

São Paulo é a maior cidade do Brasil. E, justamente por isso, possui o mérito de ter a maior quantidade de opções de bares, casas noturnas, restaurantes, e tudo mais o que você quiser imaginar. O paulistano é, acima de tudo, exagerado e orgulhoso. Não é modesto nem com o que tem de mais feio. Por isso, nada mais justo que ostentar aquela, que talvez seja a obra mais bizarra que já construiram em algum lugar: o Elevado Presidente Costa e Silva, vulgo Minhocão.

Pra quem não vive aqui e não conhece, eu explico. O minhocão é uma via expressa elevada que liga do centro à zona oeste da cidade. Possui 3,4km de extensão e visa desafogar o já afogado trânsito da cidade. O problema é que fica localizado em uma região repleta de prédios, daqueles antigos, geralmente residenciais, em um local onde até os pombos já acordam tossindo pela manhã.

A obra também não é lá das mais bonitas. Aliás, é feia pra caralho. É considerada uma obra de engenharia bruta. Ou seja, uma aberração arquitetônica. E não podia ser diferente, já que foi projetada por Paulo Maluf, o político e engenheiro que, até pouco tempo atrás, vendia idéias como a 'Free Way' e caras como Celso Pitta. Enfim, na certa a verba para os arquitetos foi destinada para uma outra grande obra, talvez um banheiro faraônico, já que, muitas vezes, aqui no Brasil, a vida pública é a extensão da privada.

Mas o que eu acho mais bacana é que o paulistano não sente vergonha de nada disso. É, acima de tudo, um povo que ama a cidade como ela é, mesmo com uma bizarrice dessas no meio. Talvez a obra seja um símbolo da virilidade masculina. Afinal, quando um elevado é conhecido como minhocão, é porque ele não é fraco não.

Ou vai ver o motivo é outro: o paulistano é muito apressado. Neste caso, ele está cagando - se ele for um mendigo, literalmente - para as obras. Dessa forma, deixando de contemplar a cidade em cotidiano. E já dizia o filósofo: "o que os olhos não veem, o coração não sente".

sábado, 31 de janeiro de 2009

Olha que blog maneiro!


Galera, recebi um selo do blog Prato do Dia (http://taynalu.blogspot.com/), e gostaria de agradecer. É uma chance de haver interação entre blogs que possuem uma identidade em comum, e acredito que toda forma de divulgação honesta é valida.


As regras são:

1- Exiba a imagem do selo “Olha Que Blog Maneiro” que você acabou de ganhar!

2- Poste o link do blog que te indicou.

3- Indique 10 blogs de sua preferência.

4- Avise seus indicados.

5- Publique as regras.

6- Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.

7- Envie sua foto ou de um(a) amigo (a) para olhaquemaneiro@gmail.com, juntamente com os 10 links dos blogs indicados para vericação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá 1 caricatura em P&B.

Os indicados são:

Pseudo Artes - http://pseudoartes.blogspot.com/
I'd Rather Dance With - http://evefelix.blogspot.com
Dé Cheers's Blog - http://livreiniciativa.wordpress.com/
West 4 Up - http://www.west4up.blogspot.com/
Bárbara Farias - http://barbarafarias.blogspot.com/
Star Dust - http://sttardust.blogspot.com/
Letras e Harmonia - http://letraseharmonia.blogspot.com/
Palavras ao Ventos - http://verdadesentrementiras.blogspot.com/
Assunto Popular Brasileiro - http://assuntopopularbrasileiro.blogspot.com/
Who Cares? - http://www.whocaresveiga.blogspot.com/

Novas postagens e novidades em breve.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Mallu Who?

No dia em que completava 15 anos de idade, Mallu Magalhães pediu aos seus familiares que todos os presentes lhe fossem dados em dinheiro. Dessa forma, a pequena-prodígio pôde comprar o equipamento necessário para gravar algumas de suas músicas, cantadas em inglês, e virar sucesso instantâneo na rede. Sucesso esse que rapidamente se expandiu para a mídia impressa e televisão, levando a garota a ser o grande destaque no meio 'indie-hype', que está em alta graças ao sucesso de bandas como CSS (Cansei de Ser Sexy) e Vanguart.

Mas Mallu Magalhães é diferente. A menina não só é um sucesso por sua música, mas também por sua personalidade excêntrica, ampliada pelos holofotes televisivos. Mallu alterna entre momentos de extrema infantilidade, à momentos de aparente maturidade intelectual, de forma quase que instantânea. Impressionante. O comportamento, que há tempos atrás seria esquisito, hoje, para alguns, já significa um traço de genialidade da garota. De fato, é tênue a linha que separa a genialidade da idiotisse.

A superexposição feita pela mídia em torno da Mallu, criando rótulos em torno de sua imagem, é algo que, ao mesmo tempo em que potencializa seus gostos incomuns, pode ser bastante nocivo para seu futuro. É bom não esquecer que estamos falando de uma adolescente, que não tem maturidade suficiente para lidar com toda essa pressão que se forma à seu redor. Não sei até que ponto é benéfico para alguém, tão jovem, ler um livro psicologicamente pesado como "Cartas de Van Gogh" - como Mallu declarou ter lido; ou cantar uma música tão densa como "Música Urbana 2" - do Legião Urbana - como cantou no Prêmio Multishow. É um excesso de informação muito precoce ao qual ela é submetida.

Musicalmente falando, a cantora não demonstrou ainda nada que justificasse todo esse reboliço. Ela ainda oscila muito em afinação, o que, em algumas apresentações, chega a ser desastroso. Falta também algum elemento novo em sua música, já que ela não terá 16 anos pra sempre, e toda essa agitação sobre a menina terá, em breve, que se justificar sob elementos artísticos, o que ainda não acontece. Por enquanto, ela é apenas uma menina 'engraçadinha' que faz música 'legalzinha'. Faço ressalvas à produção de Mario Caldato Jr. e à banda de apoio - escolhidas à dedo para o primeiro álbum de Mallu Magalhães - que chegam, se não a dar a consistência necessária, pelo menos a tornar mais apresentáveis suas músicas.

Ao mesmo tempo que é louvável a fidelidade dos fãs à garota, é deveras onerosa a missão que está sendo dada a ela. De repente, alguém que há pouco tempo juntava sua mesada para comprar seus discos, ganha ares, quase messiânicos, de salvadora da MPB. Muita calma. Estamos diante de uma garota acima da média, com um grande potencial, mas que ainda tem muito à provar. E espero que prove. Para o bem da música. Para o bem da arte.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Créu pra vocês

Eu não sou daqueles que se acham no direito de críticar - com argumentos vazios, só para bancar de espertão - as 'produções artísticas enlatadas' e, muito menos, quem se diverte com elas. Antes de qualquer coisa, acredito que música, cinema, televisão e literatura devem estar, também, à serviço do entretenimento barato. Sim, falo do entretenimento em sua forma mais banal mesmo. Reunir os amigos para assistir um filme pastelão e jogar pipoca na fileira da frente é muito bom. Às vezes, o que mais queremos é apenas aliviar o stress da caótica metrópole. Até o cérebro precisa de descanso.

Mas, como dizia o poeta, tudo o que é em excesso faz mal. E, neste caso, tem gente esquencendo seus cérebros. Coitados. Se fosse possível tirar o cérebro da cabeça, aposto que teriam muitos jogados ao lado de discos de jazz e livros de filosofia, em algum desses pontos que ninguém visita por aí. 'Créu' deixou de ser entretenimento, virou modelo cultural. Para alguns ainda é estilo de vida. E não há como escapar disso: se você não sai dando 'créu' em todo mundo, a vida vem e dá um 'créu' em você. You're in the jungle, baby!

Hoje os maiores fabricantes de artistas são os cirurgiões plásticos. A protagonista é a bunda. E a arte que ela vem produzindo para o mundo é proporcional àquela que ela produz no banheiro. Pensando bem, é genial: é a representação fiel de tudo que mais vem acontecendo por aí.

O fato é que a cultura tem fins muito nobres; nos instiga a pensar, a fugir da alienação imposta pelas longas jornadas de trabalho e da mídia manipulada à gosto de quem está lá em cima. A música no Brasil, por exemplo, foi a porta-voz de diversos movimentos populares. Muitos foram exilados, teve gente que morreu. Mas graças à estes, que impulsionaram o bravo povo, devemos nossa liberdade. Sim, eu devo à eles o ato de escrever aqui hoje.

Enfim, os frutos da alienação cultural não tardam à aparecer: caos nos serviços públicos, assistidos de camarote, por quem mal sabe o que está acontecendo; como se estivessem assistindo à uma partida de rugby, achando tudo chato, mas sem saber porque o jogo para toda hora. O brasileiro está cansado. Mas está tão cansado que mal tem disposição pra se informar do que acontece lá fora. Está descrente de si. Mas, no fundo, ele sabe que a luta é interminável e que o melhor negócio é 'esquecer os problemas' - como tanto prega uma cantora por aí. Mas toda a poeira ainda está lá, debaixo do tapete, conquistando seu espaço; o seu, o meu e o de todos nós.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Michael Kiske - Kiske (2006)

Partindo do nome, passando pela capa, e chegando ao tracklist, é possível ter uma definição exata do que é o álbum, mesmo sem sequer tirá-lo da caixinha. O eterno ex-vocalista do Helloween consegue transformar em música tudo o que vem declarando há anos na imprensa musical; desde o desprezo à atual indústria fonográfica - que, segundo Kiske, dogmatiza a arte, censurando assim a liberdade do artista - e até mesmo seu lado espiritual, onde ele abre sua fé, focada no Cristianismo, e em tudo aquilo que acredita ser o significado moral da vida.

Ao colocar o cd pra tocar, percebe-se, no som, a mesma serenidade sentida na capa e no trabalho gráfico do álbum em geral - belíssimo por sinal. Apesar do alemão estar afastado da cena metal há mais de 15 anos, este é o primeiro trabalho dele, desde então, onde foram abolidas as guitarras pesadas; estas, que dão lugar às guitarras suaves de Sandro Giampietro. Suaves, sim. Porém, não menos marcantes.

A voz do lendário vocalista - que, na época da gravação, já beirava os 40 anos - está em plena forma, passando a impressão de que amadureceu bastante em relação à voz de moleque prodígio que tinha no começo de carreira. Kiske canta de forma mais amena que o de costume, assim como manda o figurino, mas não menos impecável. Aqui não há demonstrações desnecessárias de potência vocal, porém nem por isso ela deixa de existir: vocalistas irão se deliciar em faixas como 'The King Of It All' e 'All-Solutions'.

No final, temos a impressão de que Michael Kiske, apesar de sua irregular carreira, seja talvez um dos músicos que mais preza pela música como arte, não somente como produto mercadológico. Ele parece rejeitar o título de ídolo dos vocalistas de metal e porta-se como alguém em constante busca por sua verdade, como todos nós, usando de sua música como ferramenta. Ouvir 'Kiske' é mais do que ouvir música. É um processo de auto-conhecimento.

Michael Kiske – Kiske
(2006 - Frontiers Records / Hellion Records - nacional)

01. Fed By Stones
02. All-Solutions
03. Knew I Would
04. Kings-Fall
05. Hearts Are Free
06. The King Of It All
07. Sing My Song
08. Silently Craving
09. Truly
10. Painted
11. Sad As The World

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Blog é coisa de desocupado

Já dizia Diogo Mainardi - o jornalista queridinho das comunidades do orkut - em uma coluna, citando e endossando Ivan Lessa: "Acabou aquela história de escrever palavrão nas paredes dos mictórios públicos. Blogueia-se, ao invés". E ainda vai mais longe, associando os blogueiros "àqueles tipos estranhos, infelizes e solitários, que escreviam para os jornais e revistas parabenizando pela reportagem ou indignados com a permanência na equipe do colunista Fulano de Tal". Quando leio isso, penso sempre no que o, sempre doce, jornalista pensa dos leitores de blog ou até mesmo de seus próprios leitores.

Quero passar longe de um discursinho clichê ou coisa parecida, mas me surpreendo com a capacidade que estes 'masturbadores do intelecto' possuem para rotular qualquer coisa. Há alguns anos atrás - na ocasião do assassinato de Dimebag Darel, ex-guitarrista do Pantera - Arnaldo Jabor disseminou sua ira não ao assassino, mas à música tocada pela banda de Heavy-Metal, que, segundo ele, incentiva este tipo de ação. Homens de preto, cuidado, vocês são assassinos em potencial.

Os 'intelectualóides sabe-tudo' da mídia não são os únicos a criar estereótipos e influênciar nossa sociedade. Infelizmente, pois estes ainda sabem alguma coisa. Tem gente que não sabe nada mesmo e está a criar moda por aí. Não deve ser legal ser gordo em uma sociedade que prega 'corpinhos sarados para o verão' de maneira quase religiosa. Por outro lado, ser dono de academia me parece um ótimo negócio.

Tatuagem parece ser algo bacana também. A maioria das 'pessoas-cool' hoje em dia tem tatuagem. Eu também acho isso um máximo; principalmente aqueles que tatuam frases bacanas em línguas que ninguém entende, nem o próprio tatuado. Isso sim é exemplo de coragem. O cidadão pode estar com um pinto em japonês nas costas, sem sequer perceber. Se bem que isso se deve também, em parte, à fama dos japas.

O fato é que nem todo blogueiro é desocupado, nem todo advogado é picareta e nem todo músico é vagabundo. Só não consigo ter a mesma compaixão com os políticos; já que a cara de pau é pré-requisito pra carreira.

Por isso, gordos, magros, tatuados e até mesmo blogueiros desocupados: sintam-se a vontade para ler este post. Eu não rotulo ninguém. Mas aqui fica o aviso: quem não comentar, a mãe tá na zona.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Guns N' Roses - Chinese Democracy (2008)

O novo álbum do Guns N' Roses é um paradoxo. Sua proposta é claramente diferente de tudo que vem sendo feito no rock ultimamente. Mas fica difícil adjetivar de surpreendente um álbum insistentemente anunciado há mais de 10 anos, que tinha mais da metade de suas músicas vazadas na web. É um álbum inovador que já nasceu velho.

O GNR também já não é mais o mesmo de outrora. A banda agora conta apenas com Axl Rose, vocalista, de sua formação original. Apesar disso, mantém o nome. Ou seja, é o Guns N' Roses, mas não é bem aquele, e sim outro. Confuso?!

Esquecendo todas as polêmicas e voltando a atenção às músicas, é agradável a sensação ao ouvir Chinese Democracy. Axl Rose mostra que, nos anos de auto-exílio da mídia, não ficou parado no tempo e pesquisou por sonoridades diferentes. Ele amadureceu, o que é um alívio. Seria duro ver um Axl quarentão pulando de saia por aí.

O álbum apresenta momentos apoteóticos mesclados com a modernidade dos loops eletrônios de bateria. Não há como passar batido por faixas empolgantes como 'Shackler's Revenge' e 'Better'. Os pianos também fazem presença marcante em Chinese Democracy, forte herança dos Use Your Illusions

As guitarras deste álbum também estão muito acima da média. Os timbres vão além da velha combinação Les Paul-Marshall, e aproximam-se muito do que vem se ouvindo no new-metal. Com o diferencial dos virtuosos guitarristas que participaram das gravações e proporcionaram solos que, se não são épicos como os de Slash em November Rain, são, no mínimo, de muita competência e bom gosto. Momentos como esse podem ser observados em faixas como 'There Was a Time' e 'Street Of Dreams'.

Por outro lado, as extravagâncias de Axl acabaram por fazer o álbum pecar pelo excesso de produção. Vale ressaltar que foram gastos, em média, 14 milhões de dólares na produção deste, que já é considerado o álbum mais caro da história. Músicas com um grande potencial, como 'Madagascar' e 'Chinese Democracy' poderiam ser melhor aproveitadas com uma produção mais simples, sem tantos efeitos e dobras nos vocais.

Excessos e preciosismos à parte, Chinese Democracy traz uma proposta diferente do que anda tocando por aí, e o faz com muita competência. Se valeram ou não os 14 anos de espera, depende muito de quem está ouvindo. Há até um lado muito interessante nessa história, já que a polêmica faz parte do mundo do rock, e o Guns N' Roses - chefiado sempre por Axl Rose - provou que é mestre nisso. Mas alguém por favor avise ao Axl que já deu. Afinal, ninguém quer esperar mais 14 anos para vê-los tocando ao vivo.

Institucional: Papo e Melodia/2009

Salut mes amis. Je suis ici pour pratique avec vous.
Est-ce que ce forum será agité!?

Au revoir.
Tyler