O ser humano é um ser naturalmente confuso, ao contrário do que os rótulos de propaganda sugerem. É por isso que, em determinada época em que cheguei a estudar filosofia, acabei chegando a uma sistemática bastante satisfatória, relativa à definição do homem e de como se formam seus valores, talentos e personalidade em geral. Proponho então, nos parágrafos seguintes, uma reflexão sobre a real natureza do homem.
Pois bem, diversas correntes surgiram, como o determinismo biológico - que diz que o ser define-se por sua natureza. E o determinismo geográfico - que atribui a definição do ser ao ambiente em que este convive. O fato é que, levar a ferro e fogo aquela ou esta corrente de pensamento, é deveras categórico; e é impossível ser categórico quando estamos falando de relações humanas.
Proponho então, a definição por três tipos de fatores: biológico, social e psicológico que, de forma sorrateira, definirei como o que você é, o que os outros querem que você seja/pensam que você é, e o que você pensa ser. Estes são fatores que, invariavelmente, nos afetam diretamente e o principal é saber que nunca são axiologicamente iguais.
Visualizando isto, chega-se a conclusão que a vida é deveras complexa e exige um equilíbrio de tais fatores. Mas isso não acontece: o mundo faz as pessoas colocarem máscaras o tempo todo. Para ser mais preciso: Pessoas fazem pessoas colocar máscaras o tempo todo. Seja no trabalho, com os amigos, parentes. É inevitável não adotar certos padrões de conduta que o fortalecem perante o meio social, mas o enfraquecem enquanto ser.
Religiosos então, são um caso bem caricato: eles agem estabelecendo padrões de conduta, e, principalmente, utilizando de meios que tornam seus dogmas inquestionáveis, a partir do argumento da fé. Fé nada mais é que acreditar em algo, sem ter a menor evidência de sua existência, mas acreditar acima de tudo. Então, muitos se associam a religiões, visando o paraíso. Mas, na verdade, são poucos os que seguem seus dogmas; a maioria continua a usar máscaras na tentativa de ser alguém que não é.
No mundo contemporâneo, visa-se muito a aplicação de rótulos, para qualquer coisa. Tribos urbanas, música, cinema, comida... Enfim, qualquer coisa mesmo! Pessoas abdicam de ser o que são para seguir determinados padrões, que não foram pensados por elas. E o pior: começam a seguir determinadas ideologias que não foram idealizadas por elas. Isso significa que há alguém pensando por uma grande massa. E que, neste ponto, o homem médio não está tão distante assim de suas criações, como as máquinas.
Não é preciso ir longe para perceber que o ser humano cada vez mais, pensa menos. Blogs já foram alvo de críticas por serem rasos quanto ao seu conteúdo e, na maioria das vezes, escrito por pessoas não especializadas. Pois passa-se um tempo, o twitter (um mini-blog) vira moda, e desbanca os blogs tradicionais. Hoje, o que vem dominando são os videocasts. Ou seja, agora ninguém mais precisa ler nada. Escrever errado na internet é coisa do passado, pois hoje nem se escreve mais! Avanço ou retrocesso? Se o assunto for tecnologia, certamente é um avanço; mas é um retrocesso do ponto de vista do conteúdo, que torna-se cada vez mais raso. Parecemos ser escravos de nossas próprias praticidades.
O último parágrafo é sempre reservado a uma conclusão. Pois bem, se eu tivesse uma solução sobre tal problemática, engarrafava e vendia. O fato é que, o cotidiano nos faz priorizar o lado social em detrimento das próprias vontades. O ser humano precisa de aprovação o tempo inteiro. E não é diferente comigo, só porque escrevo este texto.
- Você não é o que você tem;
- Você não é onde você mora;
- Você não é o time de futebol pra quem torce;
- Você não é a sua religião;
- Não é a música que ouve, nem o livro que lê.
Essas associações, como as que exemplifiquei acima, são perigosas: elas fazem com que você deixe de pensar por si, para seguir um dogma qualquer, baseado em um padrão de comportamento qualquer, que você definitivamente não é responsável. É, no máximo, apenas mais um tijolo na parede.Talvez isso explique os altíssimos índices de depressão e enfermidades de nosso tempo. Olhar um pouco mais pra si e deixar de lado as máscaras, talvez seja uma solução. Pois é graças aos que fomentam esse sistema, que vivemos em um mundo tão mesquinho e focado em dinheiro. E ninguém nasce assim: é o meio que forma o mal indivíduo.
"O homem nasce naturalmente bom, a sociedade é que o corrompe".
- Jean-Jacques Rousseau.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
Ser cult é ser cu
O cult é um ser que vai na contramão de tudo. Também conhecido como pseudo-intelectual, ele despreza qualquer tipo de legítima manifestação popular. Não assiste TV, reality-shows e ouve Radiohead, Chico Buarque e Los Hermanos, na fé de que isso é um som inteligente. Admira filmes de arte, principalmente os europeus, e critica sistematicamente as produções Hollywoodianas.
Ele tem respostas para tudo, apesar de não ter vivido quase nada; mas acredita em ter aprendido tudo nos livros, na filosofia de Kafka, Proust e nas poesias que lê. Em consequência disso, ou torna-se um grande utópico, defensor de uma causa ou surte do efeito contrário: torna-se um desacreditado. Invariavelmente, torna-se um chato.
Por tanto, acredita estar em um nível cultural mais elevado que o resto da massa, apesar de, na maioria das vezes, ser um fodido, pois cultura não dá dinheiro pra ninguém.
Para o cult, modismos são desprezíveis. Todos. Apesar de ser cult ser também estar na moda.
Um cult pode estar bem ao seu lado, neste exato momento, vivendo em um mundo só dele. E ele te despreza.
Cult não começa com 'cu' por acaso.
Ele tem respostas para tudo, apesar de não ter vivido quase nada; mas acredita em ter aprendido tudo nos livros, na filosofia de Kafka, Proust e nas poesias que lê. Em consequência disso, ou torna-se um grande utópico, defensor de uma causa ou surte do efeito contrário: torna-se um desacreditado. Invariavelmente, torna-se um chato.
Por tanto, acredita estar em um nível cultural mais elevado que o resto da massa, apesar de, na maioria das vezes, ser um fodido, pois cultura não dá dinheiro pra ninguém.
Para o cult, modismos são desprezíveis. Todos. Apesar de ser cult ser também estar na moda.
Um cult pode estar bem ao seu lado, neste exato momento, vivendo em um mundo só dele. E ele te despreza.
Cult não começa com 'cu' por acaso.
Marcadores:
crítica social,
cultura,
resenha
Assinar:
Postagens (Atom)