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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Mania de grandeza

São Paulo é a maior cidade do Brasil. E, justamente por isso, possui o mérito de ter a maior quantidade de opções de bares, casas noturnas, restaurantes, e tudo mais o que você quiser imaginar. O paulistano é, acima de tudo, exagerado e orgulhoso. Não é modesto nem com o que tem de mais feio. Por isso, nada mais justo que ostentar aquela, que talvez seja a obra mais bizarra que já construiram em algum lugar: o Elevado Presidente Costa e Silva, vulgo Minhocão.

Pra quem não vive aqui e não conhece, eu explico. O minhocão é uma via expressa elevada que liga do centro à zona oeste da cidade. Possui 3,4km de extensão e visa desafogar o já afogado trânsito da cidade. O problema é que fica localizado em uma região repleta de prédios, daqueles antigos, geralmente residenciais, em um local onde até os pombos já acordam tossindo pela manhã.

A obra também não é lá das mais bonitas. Aliás, é feia pra caralho. É considerada uma obra de engenharia bruta. Ou seja, uma aberração arquitetônica. E não podia ser diferente, já que foi projetada por Paulo Maluf, o político e engenheiro que, até pouco tempo atrás, vendia idéias como a 'Free Way' e caras como Celso Pitta. Enfim, na certa a verba para os arquitetos foi destinada para uma outra grande obra, talvez um banheiro faraônico, já que, muitas vezes, aqui no Brasil, a vida pública é a extensão da privada.

Mas o que eu acho mais bacana é que o paulistano não sente vergonha de nada disso. É, acima de tudo, um povo que ama a cidade como ela é, mesmo com uma bizarrice dessas no meio. Talvez a obra seja um símbolo da virilidade masculina. Afinal, quando um elevado é conhecido como minhocão, é porque ele não é fraco não.

Ou vai ver o motivo é outro: o paulistano é muito apressado. Neste caso, ele está cagando - se ele for um mendigo, literalmente - para as obras. Dessa forma, deixando de contemplar a cidade em cotidiano. E já dizia o filósofo: "o que os olhos não veem, o coração não sente".