
Pois bem, meses mais tarde, o jogador - já desacreditado na Europa - volta a atuar em seu país de origem, em um grande time que também vive uma fase de recuperação - o grande em torcida, nem tanto em títulos, Corinthians. Apesar de vista com certa desconfiança, a contratação traria, inquestionávelmente, lucros para o clube, ainda que não vingasse no campo; já que ali estava em jogo a marca, mundialmente famosa, do futebolista.
Ele volta a jogar, em um grande clássico - o maior clássico da maior cidade do país. Corinthians x Palmeiras. Entra em campo aos 18 minutos do segundo tempo. A expectativa era grande. O craque faz boas jogadas - dá uma bolada na trave, o que não é exatamente uma novidade para ele - mas enfim, de qualquer maneira, em campo, ele é incontestável, apesar da visível má forma física. Ronaldo tem tanta intimidade com a bola que, por vezes, se confunde com ela no campo.
O jogo caminha para seu final quando, de repente, nos acréscimos, mais precisamente aos 47 do tempo final, ele cabeceia e marca o gol. Nada mais importa. O narrador esquece o jogo e começa a falar dos dramas e contusões vividas por Ronaldo. Seu gol passa a ser o símbolo de sua volta por cima, de sua superação. Seus erros são todos irrelevantes, seu talento está acima de tudo e sua palavra é uma benção para os novos jogadores. Amém.
Fica claro que Ronaldo se transformou em, além do fenômeno do futebol e das presepadas, no maior anti-herói brasileiro do momento. E os jornais esportivos e a mídia em geral possuem um grande papel nisso. Lembrem-se que a TV faz a vida de qualquer ex-BBB parecer interessante; que dirá a do fenômeno.
Muito se falou em casamentos do fenômeno em castelos, mas mal sabem que isso tudo é uma grande fachada pro maior casamento, que já ocorreu. O casamento dele com a mídia que, não fugindo à regra, vive entre tapas e beijos, regados a muito champagne. A vida do vingador dos balofos se transformou em uma novela mais rentável que os dramalhões de Suzana Vieira. Para novelizar ainda mais a vida do craque, só falta o jogarem no meio da casa do Big Brother. E eu não duvido mais de nada.