Ontem à noite, a APCM (Associação Antipirataria Cinema e Música) fechou a 'Discografias' - maior comunidade para troca de arquivos musicais do Orkut. Em comunicado oficial - que pode ser acessado neste link - eles dizem que a comunidade ignora 'todos os canais legais de divulgação e uma cadeia produtiva de compositores, autores, cantores, produtores fonográficos e etc.'
Agora, analisemos com calma. Quem é do meio musical sabe que, os artistas em geral, ganham pouco ou quase nada com a venda de CDs; vendas essas que estão cada vez mais em baixa. As gravadoras, então, adotam cada vez mais a política de reter o lucro dessas vendas, fazendo com que a maioria dos artistas sobrevivam apenas de seus shows. Insistem, então, no manjado discurso de defesa cultural.
Mas alguém acredita realmente nas boas intenções destas associações? Eles fazem exatamente o contrário do que pregam. Eu me pergunto, amigos, onde está a cultura que eles tanto falam? Nos cds de pagode, sertanejo e axé que eles vendem? Ou talvez nos cds do King Crimson, Tribal Tech, e para ilustrar exemplos nacionais, Egberto Gismonti e Eumir Deodato? Estes álbuns, meus caros, vocês sequer encontram nas prateleiras das lojas. Se você quiser um disco do Eumir Deodato, terá que chegar ao cúmulo de importar de fora, mesmo sendo ele um artista brasileiro. Cadê a defesa à cultura?
Como todo bom apreciador de música e ouvinte, sempre compro álbuns de meus artistas favoritos, até mesmo quando não existem edições nacionais e é necessário importar, pagando-se um absurdo. Pois bem, já que não distribuem certos cds aqui, me sinto no direito de ouvir antes de efetuar a compra. Sinceramente, vejo as coisas por outro lado: a internet ajuda, e muito, a descobrir novos artistas. Muitos cds, os quais eu adquiri, não teria sequer conhecido, se não fosse pela ajuda da grande rede.
Então, eu questiono: é justo utilizar dos tais meios legais, que só ajudam a incentivar o monopólio dos grandes e massacram os pequenos artistas? Eu penso que não, e acredito ser sórdido utilizar de tal artimanha legal para defender tamanha injustiça.
Enfim, me pergunto então o que as gravadoras estão fazendo, nos ditos canais legais, para divulgar a tal cadeia produtiva de compositores, autores, cantores e artistas, que eles tanto falam. O que eu mais vejo sendo promovido por eles é o descaso com a cultura no Brasil, que insiste em deixar às traças tudo o que temos de bom e original, e vendem porcarias como pagode e sertanejo. Eles precisam mudar o discurso porque, com essas atitudes, eles só agem em defesa aos próprios bolsos. Que assumam isso então. Evitaria nossa perda de tempo com tanta prolixidade e discurso vazio.
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segunda-feira, 16 de março de 2009
Ditadura cultural
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