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domingo, 6 de setembro de 2009

A democracia na República das Bananas

Confesso que me espanta tanta repercurssão em relação à crise do senado. Será que alguém realmente pensava que a casa estaria em boas mãos no comando do general Sarney e com ilustres presenças do passado negro do Brasil como Fernando Collor de Melo? Ninguém lembra do confisco das poupanças? Da instabilidade e dos índices de inflação astronômicos?

Sempre que episódios como estes ocorrem, há uma certa mobilização em meio aos críticos, artístas e alguns gatos pingados, oriundos da classe média, para que soluções pontuais sejam tomadas. Conseguindo isso (ou não), nas próximas eleições a democracia coloca no poder, novamente, os mesmos representantes, recomeçando o ciclo.

Do lado que ninguém mostra e ninguém vê, há o cidadão que vive em condições precárias e mal tem acesso aos serviços básicos para subsistir, como saúde, educação e segurança. É ele que vende seu voto por um prato de comida. O pior de tudo é o fato de ser impossível recriminá-lo por isso. Como zelar por um Estado que não se faz presente na sua vida? Como preocupar-se com política, ou com qualquer outra coisa, quando o que mais passa é frio e fome? Seu cotidiano já é deveras desesperador para manter qualquer tipo de outra preocupação.

Nosso presidente, Lula, apoiado por um forte trabalho de marketing, conseguiu associar sua imagem à imagem do povo. Nunca antes na história deste país (sic!) um governante teve tanta identificação com seus governados. Isso abre um largo caminho para a execução de políticas sociais que, em muito, remetem ao populismo. Fome zero, bolsa família, Pro-Uni, política de cotas raciais... São, além de políticas de ajuda, formas de ganhar um eleitorado sempre renegado pelo governo das elites, mas que, na república das bananas é numerosíssimo, infelizmente.

Não escrevo contra as políticas sociais, vejam bem - elas são mais que necessárias, pois a fome não espera - mas há de haver há consciência que só isso não basta, e que não existe nenhum planejamento consistente a longo prazo para a solução destas questões. O planejamento não existe, pois soluções a longo prazo não interessam quando seu prazo de governo é de apenas 4 anos.

Enfim, vejo a necessidade de implantar, em conjunto com tais medidas, um projeto de base para garantir o acesso de todos os cidadãos à, pelo menos, os serviços mais básicos para a sobrevivência. O ESTADO é o único responsável por isso, e, por sua incompetência, assistimos ao crescimento do poder paralelo.

Caso não se tome nenhuma medida neste sentido, continuaremos a ter nossos representantes escolhidos por aqueles que são completamente influenciáveis por sua (falta de) condição. E assim se mantém a nossa democracia de fachada.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Quem é o inimigo então?

Em sua história, o mundo sempre foi marcado por guerras e regimes totalitários. Já tivemos Lênin, Hitler, Fidel e muitos outros. Ainda há resquícios desta, já quase morta tendência, representada atualmente por caras como Hugo Chávez. O mundo agora é diferente. Os grandes líderes perceberam que esses regimes não conseguem se sustentar de forma a prosperar. Assume-se então uma postura democrática, onde, em tese, o povo é então responsável pela escolha dos seus líderes e legisladores. Surgem então o direito às greves e protestos. É a liberdade de expressão. O processo de impeachment, então, passa a ser previsto em texto constitucional.

Há quem diga que a democracia é a pior forma de governo excetuando-se todas as outras. Nem sei se as outras são melhores, mas a democracia com certeza é uma grande presepada. Afinal, é historicamente burro confiar decisões importantes nas mãos da maioria. Foi a maioria que mandou crucificarem Jesus Cristo, assim como, nas primeiras eleições diretas, em 1988, elegeu Fernando Collor, que, aliás, continua sendo eleito até hoje para outros cargos. Um viva à decisão popular.

Ao invés de guerras declaradas e teorias de ódio puro, temos agora inimigos invisíveis. O mundo foi tomado pelo terrorismo. É a maior prova da fragilidade do que se convenciona a chamar de poder. Não é possível se preparar, quando não se sabe de onde que vem o tiro. De nada adianta mais tanta ostentação. Nossos castelos são todos de areia.

Por mais que digam o contrário, acredito que o mundo está cada vez mais humanizado. Continuamos sendo oprimidos diariamente ao bombardeio de sensacionalismo e opiniões tendênciosas, jogadas pela mídia em nossos televisores e jornais. Mas nem de longe é comparável com a opressão declarada de tempos atrás. Hoje somos mais livres, e, por mais que possa ser contraditório, o homem assume sua natureza negando-se, talvez por inconformidade com o existencialismo. Fumamos demais, bebemos demais. Assumimos conscientemente o desejo de ficar inconscientes.

Isso me faz pensar que, em tempos de ditadura, que pareciam tão cruéis, na verdade tudo era mais fácil. Pelo menos os papéis estavam mais claros. Sabiamos quem era o inimigo, tinhamos aonde depositar nossas culpas. Hoje não sabemos. Não existe mais bem e mal. O bem e o mal são diferentes faces de uma mesma moeda. Continuamos tomando na cabeça todo dia, pelo inimigo mais covarde que já se teve notícia. Não por sua força, mas porque dele não se sabe nem o nome.

Presente de Grego

Pra quem não sabe, fiz aniversário no dia 10/02 (parabéns pra mim!). E, como de costume, recebi uma penca de e-mails de sites que sou cadastrado, coisa e tal. Mas um eu achei o máximo. Eis aqui (só clicar na imagem):É mole?

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Créu pra vocês

Eu não sou daqueles que se acham no direito de críticar - com argumentos vazios, só para bancar de espertão - as 'produções artísticas enlatadas' e, muito menos, quem se diverte com elas. Antes de qualquer coisa, acredito que música, cinema, televisão e literatura devem estar, também, à serviço do entretenimento barato. Sim, falo do entretenimento em sua forma mais banal mesmo. Reunir os amigos para assistir um filme pastelão e jogar pipoca na fileira da frente é muito bom. Às vezes, o que mais queremos é apenas aliviar o stress da caótica metrópole. Até o cérebro precisa de descanso.

Mas, como dizia o poeta, tudo o que é em excesso faz mal. E, neste caso, tem gente esquencendo seus cérebros. Coitados. Se fosse possível tirar o cérebro da cabeça, aposto que teriam muitos jogados ao lado de discos de jazz e livros de filosofia, em algum desses pontos que ninguém visita por aí. 'Créu' deixou de ser entretenimento, virou modelo cultural. Para alguns ainda é estilo de vida. E não há como escapar disso: se você não sai dando 'créu' em todo mundo, a vida vem e dá um 'créu' em você. You're in the jungle, baby!

Hoje os maiores fabricantes de artistas são os cirurgiões plásticos. A protagonista é a bunda. E a arte que ela vem produzindo para o mundo é proporcional àquela que ela produz no banheiro. Pensando bem, é genial: é a representação fiel de tudo que mais vem acontecendo por aí.

O fato é que a cultura tem fins muito nobres; nos instiga a pensar, a fugir da alienação imposta pelas longas jornadas de trabalho e da mídia manipulada à gosto de quem está lá em cima. A música no Brasil, por exemplo, foi a porta-voz de diversos movimentos populares. Muitos foram exilados, teve gente que morreu. Mas graças à estes, que impulsionaram o bravo povo, devemos nossa liberdade. Sim, eu devo à eles o ato de escrever aqui hoje.

Enfim, os frutos da alienação cultural não tardam à aparecer: caos nos serviços públicos, assistidos de camarote, por quem mal sabe o que está acontecendo; como se estivessem assistindo à uma partida de rugby, achando tudo chato, mas sem saber porque o jogo para toda hora. O brasileiro está cansado. Mas está tão cansado que mal tem disposição pra se informar do que acontece lá fora. Está descrente de si. Mas, no fundo, ele sabe que a luta é interminável e que o melhor negócio é 'esquecer os problemas' - como tanto prega uma cantora por aí. Mas toda a poeira ainda está lá, debaixo do tapete, conquistando seu espaço; o seu, o meu e o de todos nós.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Blog é coisa de desocupado

Já dizia Diogo Mainardi - o jornalista queridinho das comunidades do orkut - em uma coluna, citando e endossando Ivan Lessa: "Acabou aquela história de escrever palavrão nas paredes dos mictórios públicos. Blogueia-se, ao invés". E ainda vai mais longe, associando os blogueiros "àqueles tipos estranhos, infelizes e solitários, que escreviam para os jornais e revistas parabenizando pela reportagem ou indignados com a permanência na equipe do colunista Fulano de Tal". Quando leio isso, penso sempre no que o, sempre doce, jornalista pensa dos leitores de blog ou até mesmo de seus próprios leitores.

Quero passar longe de um discursinho clichê ou coisa parecida, mas me surpreendo com a capacidade que estes 'masturbadores do intelecto' possuem para rotular qualquer coisa. Há alguns anos atrás - na ocasião do assassinato de Dimebag Darel, ex-guitarrista do Pantera - Arnaldo Jabor disseminou sua ira não ao assassino, mas à música tocada pela banda de Heavy-Metal, que, segundo ele, incentiva este tipo de ação. Homens de preto, cuidado, vocês são assassinos em potencial.

Os 'intelectualóides sabe-tudo' da mídia não são os únicos a criar estereótipos e influênciar nossa sociedade. Infelizmente, pois estes ainda sabem alguma coisa. Tem gente que não sabe nada mesmo e está a criar moda por aí. Não deve ser legal ser gordo em uma sociedade que prega 'corpinhos sarados para o verão' de maneira quase religiosa. Por outro lado, ser dono de academia me parece um ótimo negócio.

Tatuagem parece ser algo bacana também. A maioria das 'pessoas-cool' hoje em dia tem tatuagem. Eu também acho isso um máximo; principalmente aqueles que tatuam frases bacanas em línguas que ninguém entende, nem o próprio tatuado. Isso sim é exemplo de coragem. O cidadão pode estar com um pinto em japonês nas costas, sem sequer perceber. Se bem que isso se deve também, em parte, à fama dos japas.

O fato é que nem todo blogueiro é desocupado, nem todo advogado é picareta e nem todo músico é vagabundo. Só não consigo ter a mesma compaixão com os políticos; já que a cara de pau é pré-requisito pra carreira.

Por isso, gordos, magros, tatuados e até mesmo blogueiros desocupados: sintam-se a vontade para ler este post. Eu não rotulo ninguém. Mas aqui fica o aviso: quem não comentar, a mãe tá na zona.