segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"É preciso saber usar as armas do inimigo..."

Pois é essa a frase que venho utilizando ultimamente para quando, de tempos em tempos, tenho de prestar contas com a minha consciência. Não de forma leviana, como um auto-indulto, mas por acreditar sinceramente e apaixonadamente em uma filosofia de vida. Pensem vocês: Que valor teria a honestidade caso não existisse a traição? O que seria o amor sem o ódio? Quanto maior o contraste de valores, maior a intensidade do choque que ele provoca, seja para o bem, seja para o mal. Quando não se conhece o salgado, o doce não é tão doce. Perde-se o parâmetro, e logo, a razão.

Muitos se apoiam na moral como justificativa para o próprio comodismo - há um tempo atrás, eu diria que são todos - hoje, não sei. Aliás, descobri que sei muito pouco. Aquele que não sabe o que quer, e, quando sabe, nunca encontra o meio certo pra se chegar ao objetivo. Por vezes, não me reconheço; não te reconheço. É difícil enfrentar um inimigo quando mal se sabe quem são seus aliados.

Enquanto isso, assisto a glorificação das drogas, sexismo, briga por poder e toda a busca incessante pelo prazer sem nenhum freio moral. Por vezes aplaudo, por vezes repudio, outras participo.

Enfim, desabafei.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Homem médio

O homem médio é aquele que tem uma bonita família, com quem sempre vai ao shopping e, ocasionalmente, viaja. É aquele que cuida da aparência e só come alimentos saudáveis. Sua cultura se divide entre os CD's da moda e os best-sellers das livrarias, que ensinam como ser um vencedor.

É religioso. Sempre que possível, vai à igreja e pede o bem de todos, mesmo que, na prática, não contribua em nada com a sociedade e todos que o cercam. Está sempre com a consciência tranquila, pois paga seus impostos em dia.

O homem médio é politicamente correto. Não aprecia humor negro, pois com coisa séria não se brinca. Mas vive a rir de gays e gordos.

O homem médio é vaidoso. Vai para academia e compra discos da moda com o único intuito de causar boa impressão. É, acima de tudo, adepto das tendências.

Reflitam sobre esta espécie em expansão.

domingo, 9 de agosto de 2009

Levando fumo

Com o vigor da lei anti-fumo no estado de São Paulo, o assunto voltou a entrar em evidência na mídia e nas rodas de conversa. Fumar nunca esteve tão fora de moda, pois a população, no geral, aprovou a medida do governo. Até mesmo alguns fumantes concordaram em diminuir com o cigarro para, finalmente, parar de fumar.

Porém, há ainda aqueles que não concordam com a lei e tenho a honra de dizer que sou um deles. Como bom fumante (passivo), vejo as campanhas do governo como papo pra bobo. Eles dizem que a lei não está aí para cercear a liberdade dos fumantes, mas sim para promover um direito a melhor saúde da população. Oras, conta outra, sabemos dos males do cigarro há muito tempo. A indústria do cigarro teme as indenizações milionárias, assim como o governo não dá conta dos atendimentos em seu sistema de saúde - que, diga-se de passagem, não dá conta nem de gripe.

Eu, como legislador, então iria instituir a lei a favor do fim do carnaval. Afinal, o carnaval promove uso indiscriminado de drogas, acidentes de trânsito, alto índice de transmissão de doenças como HIV, sem contar o fato de que várias crianças sem pais são geradas nessa época. Os males são muito maiores que os do cigarro. Afinal, quem fuma, fuma porque quer. Se morrer, meus pêsames. As altas taxas de impostos inclusas no preço do cigarro cobririam tranquilamente as despesas que o governo teria com saúde, sendo destinadas para o lugar certo. Pra resolver o problema de quem não fuma, é só traçar uma divisão no ambiente entre fumantes e não fumantes. Pronto, problema resolvido.

Pode parecer contraditório esse meu texto, já que, há algumas semanas, havia escrito outro criticando a indústria do tabaco. Mas, acima de tudo, sou a favor da liberdade. Hoje só se engana quem quer ser enganado. A informação está bem clara. E lembrem-se: a ditadura não se estabelecer de uma hora pra outra. Essas atitudes cerceiam a liberdade do cidadão. E ele nem percebe.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A arte do mal gosto

Essa semana acompanhei na MTV um debate sobre a restrição dos bailes funk no Rio de Janeiro. Os tais bailes - especificamente os intitulados "proibidões" - foram acusados de serem responsáveis pela disseminação da violência e banalização do crime nas comunidades carentes da cidade. Por sua vez, os defensores do estilo rechaçaram tal ponto de vista, dizendo se tratar de uma afronta à liberdade artística.

Primeiro ponto ao qual quero chamar atenção: Liberdade artística é um direito concedido a quem faz arte. Por mais que se associe música diretamente a arte, quero chamar a atenção para que nem todas as músicas possuem essa conotação. Dizer que uma música que possui como ÚNICO INTUITO defender uma ideologia alheia aos valores da sociedade é arte, significa abrir uma larga brecha para o crime continuar a fazer novos aliados. Afinal, qual meio de comunicação pode ser mais forte que a música que toca no baile do fim de semana em uma comunidade carente?

Não quero parecer mais um moralista aqui, não mesmo. Não me refiro desta forma só ao "funk proibidão", mas o caráter de tais obras me soa como subversivos à arte, que deve ser livre. Músicas religiosas e hinos nacionalistas não são livres. A música, nesses casos, parece apenas um pretexto para chegar a um ponto e defender uma ideia (ou equívoco).

Quero com esse texto provocar uma reflexão: até que ponto um material produzido é arte? Não é difícil chegar a conclusão de que, por vezes, a arte é nociva. Recentemente, em uma exposição de arte, um "artista" amarrou um cão e o deixou falecer à mingua em uma exposição de arte. Aliás, feito que ele realizou por mais de uma vez. Tudo isso fica impune em nome da liberdade artística? O território artístico é muito livre e aberto, inclusive aos mal intencionados. Fica claro, ao meu ver, que a arte necessita de certa regulação. Deixo aqui uma questão a ser desenvolvida no futuro: há meios de construir uma regulamentação sem censura no campo intelectual?

Enfim, seja funk carioca, rock inglês ou exposições de arte moderna. Não importa. O que vale são as boas idéias e o bom senso.